21 de abril de 2012

Engraçado esse negócio de ter fé.

Sempre acreditei em Deus. Acredito em algo maior, em quem confiar, me abrir, me segurar quando eu não estiver mais com as pernas boas para ficar de pé. Sempre agradeci por tudo, pela família, pela saúde da mesma, pela minha felicidade e de todos ao meu redor que eu tanto gosto. Mas crer não é simplesmente uma resposta, é uma pergunta que cresce a cada dia que passa, pois infelizmente chega uma hora em que você se questiona: por que está acontecendo isso comigo? 

Você bate a cara no muro pela décima vez e parece que não tem outro caminho, sempre para trás e para frente. Não existe uma curva em que você possa entrar e ver a sua vida mudar repentinamente. São sempre os mesmos acontecimentos, a mesma história e o tão conhecido efeito dominó. Você toma todo o cuidado para não derrubar a primeira peça, mas sem querer a encosta e todas as outras começam a cair em uma velocidade que, você pode tentar, mas não vai conseguir pará-las. Então você se espreme para entender o porque de tudo outra vez, o mesmo murro na ponta de uma faca que não deveria estar mais ali. 

E vem a frase que tudo melhora superficialmente: “uma hora vai dar certo”. Que hora? Que dia? Em que lugar? Vai dar certo da mesma maneira em que começamos todas as vezes para dar errado sempre no mesmo horário, nos mesmos dias contados? E você continua com a esperança de que um dia algo maior vai te dar uma brecha e a sua hora irá chegar. Engraçado esse negócio de ter fé. 

GD.

16 de abril de 2012

Impasse.


Inconciliáveis. Nesse amor de rotações incontornáveis fomos dois cortando os dedos na colheita. Somos dois que não merecem solidão.
Inacreditáveis. Mesmo dias ocos de humores instáveis logo vinham peripécias, malabares. Somos nem sombra difusa de um verão.
Que o nó que emperra e barra a vida à vera é o mesmo que nos ata um ao outro em comunhão. Que surge a indecisão que dilacera e ela regenera a esperança sem razão. Que fica um tal de só dizer "quem dera" e o desenlace desse impasse vai além de onde a vista alcança.
Só resta dizer: fique firme tenha fé, mesmo que em nada dê. Tudo ainda está de pé, tudo está para nascer. Fique forte, firme o pé. Tudo dá em algum lugar, mesmo se o olho não vê, tudo ainda vai brotar. E o desenlace desse impasse, Deus conceda que termine em valsa. Só resta dizer.
5 a Seco

GD.

12 de abril de 2012

A espera.


Se eu disser para você vir será que vem? Sem pensar assim, apenas vir com vontade, simples assim? Eu não queria fazer tantas perguntas, queria apenas as respostas para cada uma delas, mas como responder sem perguntar? Então vou gritar baixinho, só para você escutar que estarei debruçada na janela de qualquer casa, na porta de qualquer lugar esperando que você venha para me encontrar e para que eu, com o coração a disparar, abra um sorriso que apenas a sua presença sabe me dar.
Estarei ali, logo ali, a te esperar.



GD. 

5 de abril de 2012

Mudou o que?

Como se mudei mudasse tudo.
Mudou o que?
A roupa?
O cabelo?
A maneira de conversar?
A maneira de ver as coisas?
Mudou o que?
A gaveta do criado-mudo?
A maneira de arrumar a cama?
O lado de colocar os sapatos?
A mão de escovar os dentes?
Mudou o que em você?
Começou a cumprimentar as pessoas?
Dar um sorriso de manhã?
Parou de falar palavrão?
De fazer drama?
De ser chato?
Parou de fumar?
Parou de beber?
Começou a correr?
Melhorou a sua saúde?
Mas mudou o que ao seu redor?
Mudou o que de você nas pessoas?
Mudou o que em você?
Mudou nada!


GD.