30 de agosto de 2012

Murmúrio


Hoje só quero o murmúrio do canto da noite que vem me embalar. Quero escutar a saudade que tem tanta coisa pra me revelar, lembrar que te amei muito mais do que é permitido em uma ilusão e preencher o vazio, com tudo, que dita o meu coração.
Hoje só quero o murmúrio da brisa macia que vem lá do mar. Quero seguir o caminho do tempo que passa pra não mais voltar, cantar e quem sabe chorar tudo quanto ganhei, tudo quanto perdi, relembrar amores que vivi.
Há quanto tempo que eu vivo a buscar solidão. Loucuras fiz a me enganar, a me perder sem razão. Hoje só quero poder relembrar sob o clarão do luar, tudo que sofri sem reclamar.
Casuarina
GD.

20 de agosto de 2012

Caí, outra vez.


E quando você pensa que tudo irá melhorar, cavam mais um buraco embaixo de você. E você cai. Cai sem ter qualquer lugar para se segurar, para não bater no fundo vazio que você conhece tão bem.  Já consegui sair de lá, mas cada vez é diferente. E convenhamos, nunca é bom cair.

Quando você está no buraco, mania das pessoas acharem que você tem que ficar bem, estar bem. Pudera eu ser feliz todos os dias. Aparento sim, tento não passar os meus problemas para frente, afinal todos nós já temos problemas demais. Por isso, quando consigo, estampo no rosto um sorriso falso, uma alegria falsa, para fazer de conta que está tudo bem, mesmo sentada no canto do fundo do poço.

Não pergunte se está tudo bem, pois não está. Apenas me deixe sentada, com os braços envoltos no joelho e lembre-se do sorriso falso que dei para não te preocupar. 

GD. 

11 de agosto de 2012

Peripécias com pitada de encantamento.

Antes de dormir quero compartilhar algo que presenciei. Já eram vinte e três horas de uma sexta-feira interminável. Mais um dia de trabalho acrescentado de vida acadêmica. Como um ritual de todos os dias eu estava sentada em um banco esperando o expresso passar para voltar para casa. Um momento só meu, onde coloco a cabeça no lugar e penso desde os meus sonhos inalcançáveis até o que teremos para jantar no dia seguinte. Por mais longe que minha cabeça pudesse estar observei um casal no meio da multidão e algo me chamou a atenção, eles dançavam. E não importava quem estava passando por ali. No meio da multidão estavam os dois, apenas os dois, com uma música que apenas eles escutavam. Uma melodia que apenas eles conseguiam entender, através de passos quase perfeitos e giros improvisados. Uma dança que entendi como um samba de gafieira que existia ali, apenas para eles. 
Acho que amar é isso, é encarar a loucura do outro como a sua loucura também, como uma troca, onde apenas ser feliz é o que importa. Me encantei com aquele casal despreocupado.



GD.

6 de agosto de 2012

Café, flores ou outra coisa.


Vivemos com o medo e pelo medo de não sermos felizes.
A gente cria armas e escudos contra tudo que pede o coração, porque as vezes são os pedidos dele que nos trás o temor de não alcançar as vontades demandadas por ele, que por muitas vezes, são as que nos levam a tão almejada felicidade, ou pelo menos para parte dela.
Dizemos por aí que queremos ser independentes, que não precisamos de ninguém, passamos nosso melhor perfume e tomamos um porre depois de uma desilusão amorosa, só para poder dizer a si que aquela felicidade fast-food é real. E sabemos que não é. Dizemos que somos machistas, feministas e auto suficientes porque temos medo de amar e medo de não sermos amados. E como diria Chico: “ter medo de amar não faz ninguém feliz”.
Vou dizer em primeira pessoa, concorde e tome para si quem quiser. Quero acordar e dormir com um bom dia e boa noite, escrito ou falado. Eu queria cafés da manhã na cama, receber flores bem escolhidas sem motivo especial ou qualquer outra coisinha que simplesmente mostre que em algum momento da rotina da pessoa amada, sua presença se fez forte a ponto de transformar-se em demonstração palpável.
Gosto de palavras, de frases, de beijos derradeiros, do amor falado e demonstrado, de taças, jantares, edredons, perfumes, enfim, gosto do amor com cama, mesa e banho. 
Ainda que dura, temerosa e covarde, assumo o nó na garganta que me dá com meus anseios de pequenos momentos por contos de fadas na vida real. 
Afinal não há nada que demonstre tanto que um coração é fraco quanto o excesso de armaduras que ele usa.


Texto: Amanda Magnino - Tumblr: Go Amanda Go!

GD.