Sabe o que eu queria de verdade? Poder olhar dentro dos seus olhos
e dizer todas as palavras que estão entaladas dentro da minha garganta. Aquelas
que por respeito, a mim e a outro alguém, me bloqueiam e não me deixam fazer
com que saiam com toda a força que cada letra que as constrói possui. Seria
talvez jogar tudo para o alto, sem pensar em mais ninguém, apenas no “eu ser
feliz” - o que venho tentando ser a certo tempo, não que eu não seja, mas
tentando ser completa. Tenho a mania de pensar no outro. Nesse sentido, então,
estupida.
Sabe, acho que tudo isso é fraqueza. Às vezes pelos tantos tijolos
que construí fora de mim e que me impedem de sair. Se eu tento destruí-los?
Todos os dias. Porém, o cansaço não é um dos melhores sentimentos para se
lidar, principalmente quando ele caminha ao lado do medo. Mas, algumas coisas
já foram ditas, alguns tijolos já foram quebrados. Tenho agora um buraco por
onde posso apenas olhar o caminhar, o passar das horas, dos dias, e fazer o que
tenho feito constantemente, esperar.
Perguntaram-me se após ter caído no poço teriam me jogado uma
escada. Minha vontade era gritar que sim, porém é complexo mentir. Pra si
mesmo, masoquismo. Estou aqui, sentada no mesmo canto de antes, observando o
céu. É o que me resta até o dia em que a escada chegar. E espero que chegue
logo.
No
mais, sigo cantarolando: “E eu ainda me sinto assim. Talvez seja o fastio, esse
reflexo tão denso que não me deixa em paz. E no espelho eu ainda encontro mais
peso do que na verdade eu possa suportar. E quase o mundo mais pesado do que eu
possa carregar preso a um espelho entre o abismo e o terreno. E bem lá no
fundo, um ser quase imundo. E eu ainda me sinto assim, fruto do sonho e do
medo, preso até onde meus pés consigam me levar.”
GD.