Entrei pelo
corredor seguindo a linha vermelha como foi dito na portaria. No primeiro
corredor sentia meu corpo tremendo por dentro, como se a qualquer momento tudo
fosse desmoronar. Mas segui. Cheguei ao portão onde as iniciais “K/L” estavam
escritas. Por segundos senti medo, de abrir, de entrar e do que eu iria ver.
Juntei todas as minhas forças e fui.
Um soco no
estômago, uma fincada pelas costas. Eu nunca, durante todos os anos da minha
vida, pensei que fosse te ver naquela situação. Uma pele branquinha, como se
não tomasse sol há muito tempo. Os olhos fechados em um sono profundo. A
respiração pesada, porém calma e ao mesmo tempo fraca. Levei a mão em sua
cabeça na esperança que você pudesse me sentir. Minha respiração ficou mais
forte, minha garganta se fechou, como se um grito estivesse pronto para sair.
Chorei. Desabei. Meu rosto em poucos estantes estava coberto por água. A mão um
pouco tremula deslizando sobre a sua cabeça. A outra tentando evitar com que mais
lágrimas se espalhassem por todos os lados.
Você estava
lá, tão frágil, tão vulnerável como eu nunca o imaginei ver. A pessoa que mais
me ensinou a ser forte deitada ali, imóvel. Eu procurei palavras para lhe falar
e que descrevessem sua presença durante toda a minha vida, porém o que
conseguiu sair dentre tantos sentimentos foram: obrigada, eu te amo, nos vemos
em breve e fica com Deus.
Dei o último
suspiro, fiz o último carinho, dei um beijo, apertei a sua mão e saí, como se
fosse uma fugitiva, porém fugindo dos meus sentimentos e dos meus próprios
medos. A cada passo mais distante de você, de mim, do não me conformar e perto
da mais estranha sensação de te deixar estar em paz.
Espero te
ver aqui fora, vovô.
GD.