8 de fevereiro de 2011

Oasis mal intencionado

Um deserto escaldante, um sol de presente para você. Um lugar onde não existe nada além de areia e pequenos animais, que consideramos como pragas, sobreviventes. Vento é uma coisa que praticamente não existe e se tentar fritar um ovo no chão ele queima.
Imagine estar sobre essas condições, onde a saliva só de pensar em existir já evapora. Sua mente já não consegue responder ao corpo que não existe água, e você terá de sobreviver. A loucura começa a tomar conta de você e quando menos se espera um oasis surge e uma faísca de esperança também.
Tudo o que você quer é matar a sede, e quanto mais você caminha, mais a vontade toma conta. Quando chega perto o delírio envolve todo o seu corpo e a primeira reação é correr e mergulhar no pequeno lago e aliviar toda sua tensão. Afinal, ainda existe uma esperança.
Depois de quase quebrar o braço você acorda e percebe que tem areia por todos os lados, e o oasis nunca existiu. A palavra que resume o ocorrido então é decepção.
Nossa vida é assim. Temos uma pessoa do nosso lado, sabemos que existe algum problema, mas o calor é tão bom e a mentira tão boa, que nos perdemos e somos jogados em pequenos desertos, onde os bichos existentes são pragas que fazem a nossa cabeça e os oasis que enxergamos é a decepção quando quicamos no fim de um buraco que, por puro encantamento, nos jogaram lá embaixo.
No final saímos com pequenos e grandes arranhões. Mas são marcas e fraturas que cicatrizam, deixam lembranças, que por sorte são curadas por pequenos salvadores montados em camelos que sempre estão do nosso lado para nos livrar de desertos escaldantes e oasis mal intencionados.


GD.