Um
calafrio bom, de coisa boa, mas também um calafrio de “o que está acontecendo
comigo”. Normalmente não entendemos o arrepio que dá nos braços, coluna, nuca e
faz com que tudo se estremeça, como se um terremoto estivesse a começar e não parar
jamais. É aquele calafrio, o que se sente quando a vontade e o desconhecido
avançam através de todos como uma manada de elefantes prontos para passar por
cima de tudo o que estiver pela frente. É aquele calafrio, que deixa a perna
trêmula como se fosse uma parte do corpo que você não pode controlar, que não
sabe o que está fazendo e é quase capaz de perfurar o chão. É aquele calafrio,
que gela a mão e faz com que ela, como se estivesse acabado de ser lavada,
pingue e você já não têm mais toalhas para secá-la. É aquele calafrio, que
aperta o estomago, faz com que ele revire, com que ele sinta trezentas
borboletas batendo asas freneticamente dentro dele até você perder a fome. É
aquele calafrio, que te faz sorrir pelo canto da boca.
GD.